30 de outubro de 2012

Não quero fazer compostagem doméstica... E daí?


Houve um tempo em que o adubo para as plantações era natural. O agricultor transformava resíduos agrícolas, estrume de animais, folhas e sobras de alimentos, entre outros, em fertilizantes para a lavoura.
No caso das sobras de alimentos, boa parte ia mesmo era para as galinhas, porcos, gatos e cachorros. Para eles, um banquete.


Por motivos diversos, veio o fertilizante químico em detrimento do orgânico.

E veio a cidade, os prédios, a vida urbana...

Agora estamos em uma nova fase, refletindo e inovando nas ações de acordo com uma 'moda de muito bom gosto' chamada sustentabilidade.   

E entre as tantas ideias para fazer parte do círculo dessa nova moda (que veio para ficar), muitos de nós (inclusive eu) pregam a proposta de compostagem doméstica. Incentivamos sua prática até mesmo para quem mora em apartamentos. E se porventura alguém disser que em condomínios verticais é mais complicado aderir a essa proposta, lá vamos nós divulgar o trabalho das minhocas, pois elas aceleram o processo e deixam tudo mais limpinho.  Nisso, reforçamos a frase “só não faz quem não quer”... Mais ou menos por ai.


Então, talvez, não sei, essas campanhas possam soar como uma intimidaçãozinha básica para aqueles que ainda  não  exercitam o ato de misturar sobras para virar adubo ou ainda não “contrataram” as minhoquinhas.

Pois é... Não faço compostagem doméstica e  nem me sinto intimidada a fazer. Dificilmente adotarei essa prática em meu apartamento. Teria espaço suficiente na área de serviço, mas não quero. Sim, faria se  morasse em uma casa.  

Mas mesmo quem mora em casa e não queira fazer essa misturança de terra e sobras de alimentos, está, a meu ver, no seu direito.

Tenho uma certa nóia com isso de que “todos devem fazer isso” ou “todos devem fazer aquilo” a favor dessa ou daquela causa.

O mundo só gira e respira por causa da energia da diversidade... :)
É o que imagino...

Somos seres humanos capazes de inventar o carro, um foguete para viajar pelo espaço (e olhe que a essas alturas esses são exemplos bem primários) e não somos capazes de dar alternativas para quem não quer fazer compostagem doméstica?  Somos sim.

Escrevi alguns post’s neste blog defendendo a compostagem e continuo defendendo, pois é muito importante para a saúde do solo e das plantas, diminui o lixo nos lixões, enfim, são inúmeros os pontos positivos.  Mas faz quem quer.

Existem várias alternativas para dar uma destinação correta aos lixo produzido em casa, nos restaurantes e nos tantos outros lugares. Além disso, nem todo resíduo orgânico pode fazer parte do processo de compostagem para virar adubo.
Ministério das Cidades - Caderno Metodológico
Caderno Metodológico (Educação Ambiental e Saneamento)
Ministério das Cidades
Aliás, a alternativa de praticar compostagem em larga escala promovida por prefeituras, empresas e demais instituições ajudam muito mais a acabar com o  tanto dos resíduos orgânicos que ainda  vão parar  lá... nos lixões.


As 130 toneladas de lixo produzidas na cidade vão para a usina de compostagem. Todo resíduo orgânico é separado para ser transformado em adubo. O que é reciclável, como latas, papéis e plásticos, é vendido para indústrias. 

(Município de Araraquara-São Paulo)


As campanhas cotidianas -principalmente nas redes sociais- com imagens, textos e até tutoriais de como é possível reaproveitar e/ou reciclar um determinado recipiente que faz parte do grupo que chamamos de lixo seco; ou campanhas sobre compostagem, valem principalmente para que todos nós fiquemos cientes de que não existe lixo, mas que praticamente tudo pode ser reaproveitado e reciclado.

Por conta disso, com essa consciência exercitamos um outro olhar, mudamos nossas práticas e contribuímos na fomentação de políticas e projetos que  tragam soluções a favor da sustentabilidade.

Educação, inovação, tecnologia