Basicamente, na coleta a vácuo os
resíduos são jogados em sacos nas lixeiras especiais, que estão conectadas a um
sistema de tubulação enterrado em torno de cinco metros da superfície. Quando
as 'bocas' estão cheias, um sensor é acionado e o lixo é sugado para fazer uma uma “viagem”
subterrânea até uma estação de coleta, em uma velocidade média de 70 km por
hora. O destino final desses resíduos,
que na estação são separados e compactados em contêineres, será um centro de
triagem que recicla o lixo seco e faz o úmido virar energia.

Assim é em Barcelona, na Espanha, de
acordo com esta matéria do Jornal Nacional (Rede Globo).
Barcelona foi uma das primeiras na
Europa a aderir a essa tecnologia inovadora. O projeto foi implantado na Vila Olímpica,
construída para os jogos de 1992. Com o sucesso do sistema, ampliaram para
outras redes da cidade.
A capital de Catalunha tem como meta
atingir 70 % da cidade com a coleta a vácuo. Só não é possível chegar aos 100% porque
alguns bairros estão localizados em regiões com colinas e irregularidades nos terrenos, inviabilizando a instalação dos dutos.
Atualmente a coleta a vácuo (ou
coleta pneumática) já está em aproximadamente 150 cidades do mundo. No Brasil,
a empresa sueca Envac, desenvolvedora do projeto, está com uma filial desde
2009, em São Paulo/SP.
As vantagens da coleta a vácuo*
1- Reduz o trânsito de
caminhões pesados* para o transporte de lixo...
a) O
que contribui para diminuir congestionamentos;
b) É bom para o meio ambiente, pois diminui
a poluição do ar e a emissão de gases que causam o efeito estufa e;
c) Diminui o consumo de diesel o que
também é bom para a economia;
d) Diminui a poluição sonora, pois
caminhões fazem barulho.
*Em Barcelona, 160 caminhões
deixaram de circular na cidade, que possui uma
população de cerca de 1 621 537 habitantes e uma área de 101,4 km². A área
urbana de Barcelona, porém, se estende além dos limites administrativos da
cidade e abriga uma população de mais de 4,2 milhões de habitantes[1][2] em uma área de
803 km²[1], sendo a sexta
área urbana mais populosa na União Europeia, Wikepédia)
Coleta seletiva em container fashion ou brega, qual a diferença?
Não quero fazer compostagem doméstica... E daí?
Não quero fazer compostagem doméstica... E daí?
2- Melhoria estética e
higiênica...
a) Os coletores (ou lixeiras especiais) acabam com sacos de lixo
expostos nas ruas à espera dos caminhões e com isso diminuim consideravelmente problemas como
mau cheiro, entupimento de bueiros, proliferação de ratos, baratas e moscas...
b) Cidade limpa, cidade mais bonita:
essas lixeiras têm um belo design o que também contribui para melhorar visual (Mas
o que importa mesmo é a solução que sua tecnologia oferece).
3- Diminuição
considerável de espaços destinados aos aterros...
Além da diminuição de espaços nas
ruas, condomínios e empresas em geral, destinados para o "depósito" de sacos, latões ou contêineres p/ o lixo que seria recolhido pelos caminhões. Afinal, normalmente
o lixo acaba acumulando à espera dos caminhões e/ou precisa de grandes
contêineres para sua armazenagem. Como através desse sistema a coleta é feita automaticamente, não existe acúmulo.
Além disso, justamente por causa de seu processo de sucção, pelo o que vi em imagens e vídeos das pesquisas que fiz, parece que em boa parte não existe a necessidade dos coletores especiais serem grandes como os convencionais.
Além disso, justamente por causa de seu processo de sucção, pelo o que vi em imagens e vídeos das pesquisas que fiz, parece que em boa parte não existe a necessidade dos coletores especiais serem grandes como os convencionais.
4- Estimula a coleta
seletiva e incentiva a reciclagem em larga escala;
5- A coleta é
automatizada, o que minimiza as condições de exposição dos trabalhadores;
6- Mais eficiência no
controle dos custos operacionais da coleta.
*Talvez tenha ainda mais vantagens além
dessas citadas.Mas se não estão na lista, é por falta de conhecimento de minha
parte, pois não sou especialista em gestão ambiental e afins.
As possíveis desvantagens
1-Custo (ou
investimento)?
O custo para sua implantação é
considerado alto (essa conclusão encontra-se em alguns textos de minhas
pesquisas), mas acredito que dependa de
vários fatores, onde todos os pontos serão bem analisados, já que em cada
cidade, temos situações diferenciadas.
-Normalmente
cidades de médio e grande porte já contam com a infraestrutura que assegura a instalação
de redes de esgoto, eletricidade e água; sendo assim, possivelmente facilite a implementação
dessa tecnologia e talvez diminua os custos iniciais.
-Qual
será o valor para construção e manutenção de aterros sanitários, além dos
inúmeros veículos que levariam os resíduos até eles, em comparação ao processo
de coleta a vácuo, cuja destinação do lixo é direto para centrais de reciclagem? Confesso que não sei.
-Em Barcelona, e possivelmente em algumas das demais cidades
que aderiram ao sistema, existe o apoio financeiro da iniciativa privada.
Talvez no Brasil já haja estudos para adotar essa mesma estratégia.
2- Geografia
Um aspecto a ser levado em conta seria
a respeito de cidades em terrenos com superfícies irregulares e colinas, pois
parece que isso impede a instalação das redes. Essa informação colhi de alguns
textos escritos em 2010, talvez já tenha mudado.
-Quem sabe ao invés de “custo”, um
projeto assim possa ser visto como
investimento, pois o valor aplicado possivelmente se diluirá com o tempo, -analisando
pela ótica de custo-benefício. Ou será
que não?
-Bom,
uma coisa parece certa: precisamos de soluções efetivas em médio prazo sobre
todas essa questão dos resíduos, ou corremos o risco de colhermos altos
prejuízos, bem maiores do que o “custo” destinado para projetos como o da
coleta a vácuo. Estamos com a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) em vigor e com prazo até 2014 para que seus princípios sejam cumpridos.
Vamos ver...
Enfim, é isso, não é apenas um tipo
de projeto que trará 100% de solução.
Os
tantos "lixos" gerados no mundo...
Além do mais, tenho a impressão que
muitas vezes quando falamos em lixo, só lembramos dos resíduos domésticos,
de restaurantes ou daquele jogado nas ruas, isto é, o lixo urbano; sendo que
este é apenas 2,5% do total gerado no mundo. Os maiores geradores de resíduos no planeta são: pecuária (39%), mineração (38%) e agricultura (19%).
Porém, Segundo o especialista Sabetai
Calderoni, autor do livro Os bilhões
perdidos no lixo, o Brasil perde 10 bilhões de dólares por ano, apenas por
não reciclar o lixo residencial (Segundo o IPEA*, a geração de renda resultante da reciclagem poderá chegar a 8 bilhões). Para ver o quanto que já perdemos de
dinheiro e ainda estamos perdendo, além dos tantos custos em consequência de
doenças, gases nocivos, água e solo envenenados que esses percentuais "ínfimos”
de lixo nos causam por não terem um descarte correto.
Necessitamos de soluções para todos os tipos de lixo.
E
os Agentes Ambientais (Catadores de Materiais Recicláveis)?
Faz uns bons anos que estamos buscando
meios para que o profissional catador de materiais recicláveis seja reconhecido
e tenha melhores condições de trabalho. Uma das maneiras (não a única), segundo
leituras e reflexões, seria o apoio ao desenvolvimento de cooperativas de
reciclagem e o trabalho de conscientização para que toda a sociedade compreenda
que fazer coleta seletiva, além de preservar o meio ambiente, também significa garantir
renda para esses trabalhadores e, consequentemente, economia saudável para toda a cidade. Afinal, no Brasil, estima-se que menos de 2% do material
descartado é reciclado.
Então, com a coleta pneumática implantada
nas cidades brasileiras, principalmente nas médias e grandes, que é onde se concentra o maior número desses profissionais, como ficaria a situação deles? Como
ficamos entre apoiar tecnologias inovadoras que porventura possam vir a influenciar
negativamente na condição de trabalho de alguns cidadãos?
Não sei se teria alguma influência
negativa, não achei nada a respeito, apenas estou tentando imaginar como seria
e expondo essa dúvida, pois essa é uma questão discutida há muito tempo. No mínimo,
desde a Revolução Industrial. E na caminhada de lá para cá, também
já percebemos que não foi exatamente a implantação de novas tecnologias e a industrialização em si, que afetaram negativamente o trabalho e renda dos cidadãos ou os
deixaram em uma condição de vida insalubre -como é ainda a vida
de boa parte dos Agentes Ambientais (Catadores de lixo).
Por outro lado, com um
sistema assim, talvez os catadores venham a receber até mais apoio, como educação e qualificação
para lidar com esse novo formato de coleta e,como consequência, terão uma vida de fato digna, sendo verdadeiros protagonistas de sua história.
Ou quem sabe, tem pra todo mundo? Isto é, para os cidadãos em geral, usufruir
do sistema de coleta a vácuo, parece ser muito confortável (e somos merecedores); e
o agente ambiental poderá continuar a realizar seu trabalho em paralelo, porque parece que nem todo lixo a coleta a vácuo dá uma solução; e porque o sistema não cobriria toda uma cidade ou todas as cidades do pais...
É possível também que essa tecnologia de algum modo venha a ligar-se com as cooperativas e empresas de materiais recicláveis. Talvez até já exista uma proposta assim.
É possível também que essa tecnologia de algum modo venha a ligar-se com as cooperativas e empresas de materiais recicláveis. Talvez até já exista uma proposta assim.
Questões que valem reflexão, estudo e mais pesquisas.
![]() |
Auto-esvaziamento lixeiras Ligado a um Sistema de Recolha de Resíduos Envac los Nyhavn, Copenhaga, Dinamarca |
O
lixo vai deixar de existir? Vai sumir?
Acho que o lixo nunca deveria
existir. Estamos ouvindo todo dia que “lixo
é luxo”, que é “matéria rica”, que gera renda... Estamos mesmo aprendendo.
O lixo deixará de existir pela nossa
mudança de visão e não por causa da coleta a vácuo.
Agora, com essa tecnologia, parece
muito real a chance dele sumir do chão das ruas e de tudo quanto é lugar, incluindo
lixões e aterros.
E
o R sustentável “Reduzir”, como ficaria?
Em 2011, o Brasil produziu 61,9
milhões de toneladas de lixo, o que significa 1,8 % a mais do que 2010 (que
produziu 6, 8% a mais do que 2009). E segundo a matéria do G1, a pesquisa Data
Popular levantou que a classe média vai movimentar R$ 1 trilhão em consumo no
ano de 2012. Os projetos para resolver a questão dos resíduos gerados por todo
esse consumo ainda não conseguem crescer na mesma proporção, mas é questão de
tempo, apenas. É o que penso.
Considerando que a coleta a vácuo é
um processo que não deixa acumular lixo, mas que o faz sumir de nossos olhos,
alguns podem pensar que todo o trabalho que vem sendo feito, como campanhas e
projetos com os motes “consumo consciente” e de “desperdício zero”, poderá ir por
água abaixo. Isto é, podem concluir que ao nos vislumbrarmos com esse projeto
implantado em nossas cidades, os cidadãos poderão achar que não será mais necessário
aderir ao conceito dessas campanhas. Quem pensa assim, está equivocado, acho.
O tema sustentabilidade está na
moda, felizmente. Sendo assim, essa "moda" amplia a visão de seu conceito para um número
cada vez maior de cidadãos refletir sobre o atual cenário e suas consequências.
Além disso, acho que já temos
consciência que entre outras questões, reciclar é negócio lucrativo, e que desenvolver produtos e
embalagens ecologicamente corretas, faz parte do caminho viável para viver com sustentabilidade.
São outros tempos. Já existem mais projetos inovadores a favor da sustentabilidade do que possamos imaginar.
Aliás, a coleta a vácuo é um projeto
inovador e sustentável.
Toda essas discussões e campanhas (formais e não-formais) atuais, estão nos ensinando muito e nos levando a adotar práticas
sustentáveis naturalmente.
Esse
sistema é uma beleza para os condomínios
Adoraria morar em um condomínio com essa
proposta de coleta. Em Barcelona, os prédios construídos nas últimas duas décadas
já têm o sistema instalado internamente. As lixeiras especiais estão instaladas em cada andar.
Vivendo
e aprendendo...
A maioria das pessoas,
principalmente os profissionais da área, já conhece a proposta há anos e,
com certeza, todos estão melhor embasados para avaliar a viabilidade ou não desse projeto, com muito mais
critério do que uma cidadã curiosa, como eu.
De minha parte, soube de sua
existência somente em 2010, através do Jornal Nacional, cuja matéria a respeito
fechou um ciclo de reportagens especiais sobre soluções encontradas por algumas
cidades referente o lixo urbano (link do vídeo no início deste post); e dias
atrás revi o vídeo publicado em uma rede social, então resolvi conhecer
um pouquinho mais através de algumas pesquisas no Google.
Para quem ainda não conhecia e
deseja informações mais precisas a respeito, posso adiantar que nos sites de buscas encontrarão diversas matérias e artigos, além do site da empresa ENVAC, criadora do sistema.
E enfim, sabemos que o ato de
separar o lixo e dar um descarte correto sempre será de responsabilidade de
cada cidadão. Pois até mesmo aqueles que são considerados os maiores causadores de lixo do mundo (conforme
percentuais publicado no início deste post), existem em função de uma demanda
que é gerada pelos consumidores.
E afinal, somos todos cidadãos.
Fontes:
Coleta de lixo subterrânea e a vácuo (Informações sobre funcionamento, tubulação, limpeza, manutenção e requisitos ambientais)