15 de maio de 2012

Atentos à Rio+20


Na semana do dia 14 deste mês de maio, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou a campanha Eu sou nós, buscando incentivar a participação de todos os brasileiros na Rio+20-Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. 
A iniciativa é do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), o Comitê Nacional Organizador (CNO) e parceiros.

No site O futuro que Queremos todos nós podemos expressar opiniões e ideias através de textos, fotos e vídeos sobre os propósitos da Rio+20. Todo o material publicado estará disponível na internet e em uma exposição durante a Cúpula dos Povos.

A Cúpula dos Povos Rio+20 por Justiça Social e Ambiental é um evento organizado pela sociedade civil global que pretende transformar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável numa oportunidade para resolver sérios problemas que a humanidade ainda enfrenta e para demonstrar a força política dos povos organizados.

A programação da Cúpula dos Povos na Rio+20 entre 15 e 23 de junho está formatada nesses três pilares: Denunciar as causas da crise socioambiental, apresentar soluções práticas e fortalecer os movimentos sociais.

A meta da Rio+20 é fortalecer, renovar e reafirmar a participação e compromisso dos líderes mundiais a respeito do tema desenvolvimento sustentável em todo o planeta. Trata-se da segunda etapa da Conferência Cúpula da Terra (ECO-92), realizada há 20 anos na cidade do Rio de Janeiro.

Um fato memorável da ECO-92 foi o discurso da menina canadense -na época com 12 anos- que parou o mundo pela força e verdade de suas palavras. Vale rever o vídeo com sua mensagem.  (Clique aqui)

A menina Severn Suzuki, hoje com 32 anos, é ativista ambiental, palestrante internacional, autora e membro ativo do painel sobre Meio Ambiente das Organizações Unidas e fundou um grupo de crianças preocupadas com o meio ambiente, a ECO (Environmental Children’s Organization. Também  é apresentadora de um programa de TV canadiano sobre água e povos indígenas e colabora com a WeCanada, uma rede independente de ONGS que tenta despertar os canadianos em questões ambientais e de cobrança política. (Veja mais aqui)

E no site Planeta Sustentável tem a entrevista:"Severn Cullis-Suzuki: a menina que calou o mundo"

A Rio + 20, que será sediada no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 20 e 22 de junho do corrente ano,  pretende ser o maior evento das Nações Unidas, pois se trata de uma grande oportunidade para apresentar propostas de mudanças necessárias e positivas ao nosso planeta.

A jornalista Sucena Shkrada Resk, que irá cobrir profissionalmente o evento,  honrou este blog com uma entrevista sobre o que é a Rio+20 e suas implicações (#RumoàRioMais20). Na leitura desta conversa podemos perceber o quanto é importante que todos nós estejamos atentos às discussões e propostas da Conferência, considerando toda a influência que terão na sociedade mundial.

O que é a Rio + 20?

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) é um evento oficial no âmbito da ONU, que reunirá chefes de Estado, ministros e representantes de governo de 193 países (além de representantes de organizações sociais, que integram os chamados  major groups) entorno de dois eixos principais: economia verde no contexto do combate à extrema pobreza e governança da sustentabilidade, na cidade do Rio de Janeiro, no mês de junho. A fase principal de negociações ocorre entre os dias 20 e 22 de junho, mas existirão etapas antecedentes nesse processo. Do dia 13 a 15, é a prévia e entre 16 e 19, haverá um encontro, que está sendo chamado de Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, proposto pelo governo brasileiro (anfitrião do evento), como interlocução com a sociedade civil.

Há quanto tempo está sendo planejada a Conferência e por que decidiram pelo Brasil e a cidade do Rio de Janeiro?

A decisão para a realização da Rio+20 se deve ao seu caráter histórico e simbólico de  ser duas décadas depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92), que também ocorreu na capital fluminense. Foi o principal evento oficial no campo socioambiental até hoje, quando se elaboraram importantes documentos, como a Declaração do Rio, a Agenda 21, a Convenção Quadro sobre Mudança do Clima e a Convenção sobre Diversidade Biológica  Ao mesmo tempo, a escolha é resultado de uma negociação no campo da política internacional, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs durante a 62ª Assembleia Geral da ONU, em 2007, que o encontro ocorresse novamente no Brasil.

O que é o Rascunho Zero?

Durante o encontro, deverá ser aprovado e consolidado um documento, cujo rascunho zero (draft zero) está sendo  elaborado (hoje já é chamado de rascunho um), desde janeiro deste ano, com a participação dos governos e organizações da sociedade civil, por meio dos chamados “major groups”, cujo nome é “”O Futuro que Queremos”. Ele  contém propostas e sugestões sobre o reconhecimento de problemas e propostas (gerais) de soluções em áreas como: acesso à água, agricultura, empregos verdes e trabalho decente, energia e cidades sustentável, oceanos, segurança alimentar, e redução de risco de desastres. A ideia é que essas “metas” comecem a ser cumpridas a partir de 2015. Depois do prazo de encerramento do cumprimento das  metas dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODMs), em que 191 estados-membros da ONU se comprometeram a reduções e enfrentamento de problemas em oito eixos principais, desde o campo da erradicação da extrema pobreza e fome até tratar globalmente o problema da dívida dos países em desenvolvimento, mediante medidas nacionais e internacionais de modo a tornar a sua dívida sustentável a longo prazo.

Qual sua visão sobre o formato de debates e temas que estão sendo moldados?

Em linhas gerais, ainda é difícil saber realmente como se dará, de fato, a realização desses debates, porque os bastidores ainda são burocráticos. Mas certamente seguirão protocolos já utilizados historicamente na ONU O que é possível observar na constituição do “rascunho um”, que já estará pronto na ocasião do evento, e nas polêmicas entorno do mesmo, é que não se avança no “como” (planos consistentes de ação) realizar as mudanças de curto a longo prazo, tendo em vista, que os problemas para efetivar a sustentabilidade (no tripé social, ambiental e econômico, incluindo cultural) são mais do que sabidos por todas as lideranças das nações envolvidas no processo.

Como está vendo o envolvimento da sociedade civil no processo?

No contexto brasileiro,  ainda há muito a se expandir, tendo em vista, uma população superior a 191 milhões de pessoas, a dimensão continental do país com as diferentes realidades regionais e a dificuldade de acesso às informações sobre a Rio+20 (em diferentes linguagens, plataformas etc). Pode-se dizer  que quem tem maior conhecimento a respeito se encontra em camadas intelectualizadas, nas instituições militantes socioambientais, na academia, e nos órgãos públicos e em instâncias superiores da iniciativa privada. No tocante a ações concretas, a Cúpula dos Povos, que acontecerá no Aterro do Flamengo, entre 15 e 23 de junho, é a manifestação mais expressiva popular que ocorrerá, desde as comunidades tradicionais e indígenas. Tendo em vista, os pressupostos do encontro, que serão uma reação contra a injustiça socioambiental e os poucos avanços por parte dos governos e as grandes organizações (na oficial) quanto a ações mais expressivas em favor da melhoria da qualidade de vida no planeta.  É difícil dizer se haverá possibilidade de avanços de diálogos, tendo em vista, que o Comitê Facilitador da Sociedade Civil, responsável pela Cúpula, já posicionou que não participará dos “Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável” na agenda oficial da Rio+20, que em tese, será o momento de integração dos governos com a sociedade.  O principal argumento é de que a iniciativa é algo imposto de cima para baixo.

Poderia citar alguns exemplos a respeito da influência que as discussões da Conferência terão em nosso cotidiano?

Não sei dizer o que “terão”. Só vivendo cada dia da experiência em junho. Posso mencionar quais as contribuições que o processo já me traz. Entre eles, a busca de maior aprendizado sobre biodiversidade, adaptação e mitigação (redução de danos) climáticas, economia verde, como também a importância das economias solidária e criativa nesse contexto, a  realidade socioambiental do Brasil em seus diferentes biomas, e de outros países mais vulneráveis, entre outros. E os tópicos que mais interessam atualmente estão o  acesso à água e a segurança nutricional.

O que acha que de fato poderemos esperar de resultados da Rio +20?

Considero prematuro especular sobre essa questão. O que posso dizer é o que ouço de especialistas e ativistas mais envolvidos nos bastidores da articulação da Rio+20. Há ainda muitas dúvidas sobre os resultados das negociações, tendo em vista, que não têm caráter deliberativo; ao mesmo tempo, que os principais fóruns de negociações sobre assuntos estratégicos, como clima e biodiversidade, continuam na esfera das conferências das partes que ocorrem regularmente, desde a ECO 92. Outra questão é  definir o conceito e o que é na prática, economia verde, como também qual será o organismo de governança mundial da sustentabilidade. Por exemplo, um Pnuma revitalizado ou outra instituição a ser criada, com força, como uma Organização Mundial do Comércio (OMC). Há muitos interesses de fundo político e econômico principalmente  (tendo em vista que há países ricos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos e uma crise na estrutura do sistema de desenvolvimento mundial, que perdura, desde 2008).

Como você está se programando para participar do evento?

Irei cobrir profissionalmente o evento como jornalista para veículos de imprensa, nos quais, sou jornalista colaboradora, além de gerar conteúdo para o meu Blog jornalístico Cidadãos do Mundo (http://www.cidadaodomundo.blog-se.com.br), que também está inserido em um contexto de comunicação compartilhada em outras mídias, como a Ciranda.net e o Jornalismoambiental.com, dos quais sou membro-ativista.  Posso dizer que ao mesmo tempo, exercerei o meu olhar como cidadã e educomunicadora socioambiental.  Afinal estarei vivenciando esse período histórico de forma participativa.  Na primeira quinzena de junho, também terei oportunidade de falar sobre acesso à informação no contexto da Rio+20, no Encontro Latino-Americano de Mulheres, em Brasília, além de ministrar também palestra no SENAC Jabaquara.

Portfólio Profissional de Sucena Shkrada Reskhttp://www.suce1.wordpress.com/

***
Sucena Shkrada Resk é atualmente jornalista colaboradora do site Mercado Ético; da Revista Fórum, da Editora Publisher e do site Planeta Sustentável, da Ed. Abril.
Paulistana, residente em São Caetano do Sul. Formada em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela PUC de São Paulo, há 20 anos, tem especialização lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e também em Política Internacional, pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). É sócia-diretora da Sucena Resk Serviços Jornalísticos, desde 2007 e editora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk http://www.cidadaodomundo.blog-se.com.br/