Acácia Recke Maia trabalha cotidianamente para atingir suas metas. A futura advogada, que teve uma das melhores notas no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e conseguiu uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni), atualmente é estagiária no Ministério Publico e está envolvida no manuseamento de processos sobre violência doméstica e as implicações da Lei Maria da Penha.
O machismo também é uma prática contrária aos princípios da sustentabilidade e aos direitos humanos. E como neste ano de 2012 teremos a Rio + 20, onde buscam colocar em pauta o tema envolvendo o gênero feminino e, além disso, uma das metas do Objetivos do Milênio (ODM-ONU) é a Igualdade entre sexos e valorização da mulher (Oito Jeitos de Mudar o Mundo), vale um breve bate-papo a respeito dessa Lei.
Também é bom estarmos conversando mais nas redes sociais, com vizinhos, colegas de trabalho, colegas de escola, amigos e familiares sobre sustentabilidade e cidadania.
Acho que Acácia está entre aquelas pessoas que muito antes dessas discussões estarem tão presentes, já praticava seus conceitos naturalmente no dia a dia.
A mãe de Barbara (17), Guilherme (14) e Carolina (09) sente felicidade ao ver o sol nascer, consegue perceber a imensa riqueza no que é simples, aceita a diversidade de ideias com naturalidade e leveza, e demonstra que é generosa naturalmente sem privar-se de suas escolhas.
Segue nesta entrevista com Acácia uma boa conversa sobre sustentabilidade, mobilidade, cidadania, liberdade e generosidade. Direitos humanos.
A família
Qual sua opinião sobre quem ainda defende que as mães devam ficar em casa com seus filhos, abrindo mão de um projeto profissional (caso queiram), acreditando que assim teríamos uma sociedade mais saudável?
Bom, eu sou mãe, tenho três filhos e comecei a trabalhar há quatro anos. Antes vivia somente em casa, criei meus filhos e depois decidi estudar e trabalhar.
Não acho que trabalhar fora vá fazer com que os filhos sejam mal criados, temos que saber usar bem o tempo que temos e sempre ter o controle da situação. É mais difícil, mas não é impossível.
Algumas pessoas defendem que a causa de problemas com os filhos é a “ausência” dos pais por conta de suas ambições profissionais. Qual sua teoria?
Minha teoria é não cometer excessos. Devemos sim procurar nossa realização profissional, isso vai nos tornar pessoas melhores e nossos filhos sentirão orgulhos de nós, mas tudo tem um limite; como já citei, temos que saber administrar bem o nosso tempo e dessa forma não teremos problemas.
Acha que todos estão questionando mais os padrões vigentes sobre relações familiares? Fale um pouco a respeito.
A sociedade está mudando muito rápido e talvez as leis não estejam conseguindo acompanhar. Mas ultimamente houve uma grande quebra nos padrões, como as decisões dos Tribunais Superiores na questão das relações homoafetivas, onde se reconheceu os direitos de pessoas do mesmo sexo que resolveram viver em família. Não é lei ainda, mas abriu precedente para que todos os homossexuais possam pleitear por seus direitos.
Tudo isso ocorreu pela observância de vários Princípios Constitucionais, mas principalmente ao Principio da Dignidade da Pessoa Humana.
Essas mudanças nos padrões trazem segurança jurídica, pois são muitas pessoas que têm seus direitos violados e não tem para quem recorrer.
Lei Maria da Penha
Há quanto tempo, como estagiária no Ministério Público, está envolvida em ações sobre a Lei Maria da Penha?
Estou trabalhando como estagiária desde agosto de 2011, envolvida no manuseamento dos processos a respeito de violência domestica, onde o Ministério Público se manifesta várias vezes durante o rito processual, e sempre no sentido de proteger a mulher das agressões de seus familiares.
De tudo que presencia a respeito, o que considera mais impactante para reflexão?
Considero digno de reflexão como a mulher se torna vitima da situação em que vive e só toma a decisão de denunciar quando muitas vezes, as agressões já estão insustentáveis.
Quais as mudanças que está percebendo a partir do momento que a Lei entrou em vigor?
As mudanças que se tornam mais visíveis é a proteção que as mulheres têm quando decidem denunciar e mudar de vida, se valorizando e partindo para uma história mais positiva e segura para ela e seus filhos.
Como é a estrutura para a aplicação da mesma em sua cidade (Lidianópolis-PR)?
Em minha cidade ainda não temos a Delegacia da Mulher. Aquelas que desejam denunciar seus companheiros ou qualquer pessoa que mantêm relação doméstica (filhos, netos, etc), devem fazê-lo na delegacia local ou no próprio Ministério Público, o qual deve requerer às autoridades policiais que procedam nas medidas protetivas.
E os resultados, como estão?
Os resultados são bons, pois sempre quando temos uma denúncia de imediato, o fato é apurado e muitas vezes o denunciado é preso.
O que julga que ainda é necessário implementar?
Necessitamos de uma Delegacia Especial de Atendimento à Mulher- pois muitas ainda se sentem constrangidas de irem até uma delegacia normal, e também de uma Casa-Lar, onde se possam abrigar as mulheres que eventualmente acabam tendo que sair de seus lares.
Qual a sua interpretação sobre o fato de ainda termos um número alto de atitudes de violência contra a mulher?
Minha interpretação é a seguinte: ainda vivemos em uma sociedade machista que oprime a mulher; e ela, por amor, por não ter como se manter, pelos filhos ou por desconhecimento dos seus direitos, acaba se submetendo aos maus-tratos de seus companheiros ou entes familiares.
Como funciona a Lei Maria da Penha na prática, no cotidiano?
Bom, primeiro a mulher tem que decidir denunciar, depois ela vai até a Delegacia e lavra um Boletim de Ocorrência, ou ainda vai até o Ministério Público, onde este requer à Delegacia que faça diligências para averiguar os fatos, ou às vezes acontece da Polícia chegar no momento dos fatos, acionada pelos vizinhos ou pela própria vitima, onde o agressor é preso em flagrante.
Depois são decretadas as medidas protetivas tanto em relação ao agressor quanto em relação á vítima, que são elas:
EM RELAÇÃO AO AGRESSOR:
1. Suspensão da posse ou restrição do porte de arma, com comunicação ao órgão competente, nos Termos da Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
2. Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
3. Proibição de: 3.1. aproximação da ofendida, de seus familiares e testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 3.2. contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 3.3. de freqüentacão de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
4. Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 5. Prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
I- EM RELAÇÃO À VÍTIMA:
1. Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou atendimento;
2. Determinar a recondução da ofendida e seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
3. Determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
4. Determinar a separação de corpos;
5. Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
6. Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
7. Suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
8. Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendido.
2. Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
3. Proibição de: 3.1. aproximação da ofendida, de seus familiares e testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 3.2. contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 3.3. de freqüentacão de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
4. Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 5. Prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
I- EM RELAÇÃO À VÍTIMA:
1. Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou atendimento;
2. Determinar a recondução da ofendida e seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
3. Determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
4. Determinar a separação de corpos;
5. Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
6. Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
7. Suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
8. Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendido.
Sustentabilidade Generosidade
O que é sustentabilidade para você?
É viver de forma que a nossa necessidade de usufruir dos recursos naturais não comprometam as gerações futuras, usufruindo conscientemente o que a natureza nos proporciona.
Em seu dia a dia, quais são suas práticas para contribuir com os objetivos de um mundo mais sustentável?
Hoje, na comunidade onde eu vivo, a prática que podemos contribuir seria o uso correto da água e a destinação do lixo que produzimos.
Na sua visão, como está a generosidade para a sustentabilidade?
A generosidade é parte fundamental para que nós e gerações futuras vivamos em uma sociedade sustentável.
Como vê o individualismo?
Vivemos em uma sociedade individualista, mas temos que pensar na coletividade, pois hoje ainda conseguimos viver, mas se esse egoísmo continuar, nossos filhos e netos não terão essa oportunidade.
Como interpreta “viva e deixe viver”?
Interpreto da seguinte forma: temos que viver de maneira consciente e inteligente para que nosso mundo possa sobreviver muitos anos.
Não podemos sustentar nossos caprichos em prejuízo das gerações futuras, isso é o que sempre devemos pensar.
Como aplica seus conceitos e propostas de novos paradigmas em seu trabalho?
Tento aplicar de maneira sutil, conversando e mostrando exemplos. Considero que a melhor forma para mudanças não é batendo de frente e nem brigando, mas com calma e assim, aos poucos, tudo vai se transformando.
A internet
Acredita que a internet está contribuindo para os atuais questionamentos e mudanças de valores em nossa sociedade?
Sim, acredito. A internet faz com que tudo fique em evidência e as pessoas se sentem à vontade para dizerem o que pensam, fazendo dessa forma que as opiniões mudem e os valores da sociedade se modifiquem.
Acha que a internet é causa ou instrumento?
A internet é um instrumento que a evolução da sociedade necessitou para agilizar a comunicação.
Mobilidade
Gosta de bicicleta? É a favor que aumente o número de usuários?
Eu gosto de bicicleta, sou a favor que aumente o numero de usuários, pois além de contribuir para a diminuição de emissão de gazes como o CO2 ,também é uma forma de praticarmos exercícios.
E para que aumente esses usuários, o que acha que devemos mudar em nosso comportamento e também na adaptação de espaço para esse veículo?
Temos que nos educar no trânsito e também exigir do Poder Público que construa mais ciclovias, para que as pessoas que escolherem esse tipo de veiculo se sintam seguras.
Sobre o transporte público, como o ônibus, o que considera que deve melhorar?
Da mesma maneira que precisamos melhorar as condições para os ciclistas, também temos que exigir melhorias nas condições do transporte público.
Você vê uma pessoa em um carro com quatro lugares e apenas um ocupado. A o mesmo tempo, vê ônibus lotados. Qual sua conclusão?
Percebo o quanto as pessoas são individualistas e não se preocupam com o meio ambiente e o que vão deixar para seus descendentes.
Quais as atitudes que considera indelicadas no trânsito?
Considero indelicada a alta velocidade, as ultrapassagens perigosas, a embriaguez ao volante, atender celular enquanto dirigem e várias outras situações que colocam em risco suas vidas e de outras pessoas.
Tinta...resultado das brincadeiras com as crianças |
O que uma cidade ideal para você?
Uma cidade ideal é aquela onde os governantes investem seriamente em educação para que as pessoas saiam da alienação e, então, todo o bem-estar ao qual temos direito virá espontaneamente.
A Vida
Qual sua interpretação para:
a-“Violência
gera violência”
b-“Gentileza
gera gentileza”
c-“Onde
o os homens de bem não agem, o mal prevalece”
Interpreto que o bem não deve ser
apenas desejado, mas que as pessoas devem agir para que o mal não prevaleça. E
podemos usar os meios de comunicação para difundir o conceito de que quanto
mais fizermos o bem, melhor nos tornaremos, e o bem se espalhará pela
sociedade, como conseqüência.
O que
é um bom dia?
Um
bom dia é aquele que conseguimos superar nossos obstáculos, ensinar alguma
coisa de bom para as pessoas que convivemos e aprender com elas.
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Acacia Maia no Facebook: Acaciamaia.acacia