Faz tempo que já temos boas informações sobre reaproveitamento de alimentos. Inclusive sobre as partes de verduras, legumes e frutas que consideramos pejorativamente como lixo, mas que na verdade, também são alimento e, muitas vezes, com mais propriedades nutricionais do que a parte que consumimos habitualmente.
Porém, ao que parece, ainda estamos um pouco longe de nos adaptamos a essas novas propostas em nossa dieta; mas nada que a informação, a conscientização e o tempo não possam democratizar e/ou flexibilizar nosso paladar.
Enquanto muitos cidadãos não têm condições de ter alimento em suas mesas (ou pelo menos alimentos saudáveis e nutritivos), outros jogam fora. Trata-se de uma história bem antiga, que vem desde os tempos em que não tínhamos institutos e instituições, tecnologias sofisticadas e profissionais com competência para resolver isso.
É nesse ponto que o papel da administração pública deveria dar muito mais ênfase, em minha modesta opinião. Ou seja, acho que deveria apresentar soluções e cobrar a aplicação das mesmas.
Mas enfim, mesmo com todo o aparato científico, tecnológico e 'sociológico' à disposição, ainda assim, temos:
- Desperdício de alimentos
- Cidadãos sem acesso ao alimento -que deveria ser um direito básico.
Temos muito alimento “batizado” de “lixo orgânico" que jogamos nos lixões, onde causam os mais variados problemas, quando poderiam, no mínimo, virar adubo.
Temos muito alimento “batizado” de “lixo orgânico" que jogamos nos lixões, onde causam os mais variados problemas, quando poderiam, no mínimo, virar adubo.
A folha da beterraba
Vamos tomar como exemplo a beterraba: se jogamos no lixo as sobras da parte que tradicionalmente fazemos saladas ou outros pratos, quanto mais suas folhas, não é mesmo? Folhas e talos da beterraba, da cenoura, do brócolis, da couve-flor; casca da banana, do mamão, da laranja e etc...Tudo que poderia ser saborosamente aproveitado.
Temos diversas maneiras de mudar esse quadro e também trazer uma economia significativa para o bolso. Por exemplo: podemos inventar novos pratos com as sobras e utilizar também essas folhas, talos, cascas que parecem ser lixo, mas não são.
As folhas de beterraba, por exemplo, contém sais minerais como ferro, cobre, cálcio, fósforo, manganês, cromo, potássio, zinco e as vitaminas A, C e do complexo B.
Evitam anemia; contém betacaroteno que ajuda na proteção dos olhos; funcionam como laxante e diurético, e combatem artrite e reumatismo.
Com suas folhas é possível fazer ótimas saladas, excelentes refogados e bolinhos muito apetitosos.
Desperdício de alimentos no Brasil
José Abrantes, especialista em desperdício de alimentos e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), diz que a quantidade de alimentos que jogamos fora daria para alimentar, em média, 50 milhões de pessoas.
Quantos cidadãos brasileiros temos sem acesso ao alimento necessário para ter qualidade de vida?
Quantos cidadãos brasileiros temos sem acesso ao alimento necessário para ter qualidade de vida?
Também segundo o professor, o desperdício total no Brasil é equivalente a 150% do PIB. Na Europa, 20 a 25%; no Japão, não chega a 20%; Nos EUA, 35%, que pode ser considerado um valor alto, mas percentualmente é apenas um ¼ a 1/5 do nosso. Ou Seja, na avaliação dele, nós, brasileiros, desperdiçamos demais.
Os países que desperdiçam bem menos do que nós, têm essa preocupação porque a natureza deles é cíclica, de acordo com o professor; ou seja, em tempos de invernos rigorosos, pouco ou nada podem produzir; diferente do Brasil, que nos proporciona colheitas o ano todo.
Os dados (estimados em média) do desperdício no Brasil: 10% na colheita; 30% no transporte e acondicionamento; 50% entre a comercialização e as nossas casas; e 10% a 20% em nossas casas.
Ainda nas palavras do especialista, esse desperdício não acaba sendo apenas dos alimentos, mas, consequentemente, da água, adubo, transporte, tempo e trabalho de quem produziu. Impactos negativos sociais e ambientais.
(Pergunto aos meus botões: o que é Logística?)
(Pergunto aos meus botões: o que é Logística?)
Com tanto alimento neste pais, ninguém deveria passar fome por aqui, não é mesmo? Nem no mundo. Acho que temos alimento suficiente para acabar com a fome do planeta todo.
No mundo, a insegurança alimentar tem aumentado desde 2008, isso é impressionante. Cresce a população, cresce a fome e, em paralelo, aumenta o desperdício de alimentos. Aliás, como estão as Metas do Milênio? Vale uma pesquisa...