Na
semana do dia 14 deste mês de maio, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou a campanha
Eu sou nós, buscando incentivar a participação de todos os
brasileiros na Rio+20-Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável.
A
iniciativa é do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio),
o Comitê Nacional Organizador (CNO) e parceiros.
No
site O futuro que Queremos todos nós podemos expressar opiniões e ideias
através de textos, fotos e vídeos sobre os propósitos da Rio+20. Todo o
material publicado estará disponível na internet e em uma exposição durante a
Cúpula dos Povos.
A
Cúpula dos Povos Rio+20 por Justiça Social
e Ambiental é um evento organizado pela sociedade civil global que pretende
transformar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
numa oportunidade para resolver sérios problemas que a humanidade ainda
enfrenta e para demonstrar a força política dos povos organizados.
A
programação da Cúpula dos Povos na Rio+20 entre 15 e 23 de junho está formatada
nesses três pilares: Denunciar as causas
da crise socioambiental, apresentar soluções práticas e fortalecer os
movimentos sociais.
A meta da Rio+20 é fortalecer, renovar e reafirmar a participação e
compromisso dos líderes mundiais a respeito do tema desenvolvimento sustentável
em todo o planeta. Trata-se da segunda etapa da Conferência Cúpula da Terra
(ECO-92), realizada há 20 anos na cidade do Rio de Janeiro.
Um fato memorável da ECO-92 foi o discurso da
menina canadense -na época com 12 anos- que parou o mundo pela força e verdade de
suas palavras. Vale rever o vídeo com sua mensagem. (Clique aqui)
A
menina Severn Suzuki, hoje com 32 anos, é ativista ambiental, palestrante
internacional, autora e membro ativo do painel sobre Meio Ambiente das
Organizações Unidas e fundou um grupo de crianças preocupadas com o meio
ambiente, a ECO (Environmental Children’s Organization. Também é apresentadora de um programa de TV canadiano
sobre água e povos indígenas e colabora com a WeCanada, uma rede
independente de ONGS que tenta despertar os canadianos em questões ambientais e
de cobrança política. (Veja mais aqui)
E
no site Planeta Sustentável tem a entrevista:"Severn Cullis-Suzuki: a menina que calou o mundo"
A
Rio + 20, que será sediada no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 20 e
22 de junho do corrente ano, pretende ser
o maior evento das Nações Unidas, pois se trata de uma grande oportunidade para apresentar propostas de mudanças necessárias e positivas ao nosso planeta.
A
jornalista Sucena Shkrada Resk, que irá cobrir profissionalmente o evento, honrou
este blog com uma entrevista sobre o que é a Rio+20 e suas implicações (#RumoàRioMais20). Na leitura desta conversa podemos perceber
o quanto é importante que todos nós estejamos atentos às discussões e propostas
da Conferência, considerando toda a influência que terão na sociedade mundial.
O que é a Rio + 20?
A Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) é um evento oficial no âmbito
da ONU, que reunirá chefes de Estado, ministros e representantes de governo de
193 países (além de representantes de organizações sociais, que integram os
chamados major groups) entorno de dois eixos principais: economia verde no
contexto do combate à extrema pobreza e governança da sustentabilidade, na
cidade do Rio de Janeiro, no mês de junho. A fase principal de negociações
ocorre entre os dias 20 e 22 de junho, mas existirão etapas antecedentes nesse
processo. Do dia 13 a
15, é a prévia e entre 16 e 19, haverá um encontro, que está sendo chamado de
Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, proposto pelo governo brasileiro
(anfitrião do evento), como interlocução com a sociedade civil.
Há quanto tempo está
sendo planejada a Conferência e por que decidiram pelo Brasil e a cidade do Rio
de Janeiro?
A decisão para a
realização da Rio+20 se deve ao seu caráter histórico e simbólico de ser duas décadas depois da Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92), que também
ocorreu na capital fluminense. Foi o principal evento oficial no campo
socioambiental até hoje, quando se elaboraram importantes documentos, como a
Declaração do Rio,
a Agenda
21, a
Convenção Quadro sobre Mudança do Clima e a
Convenção sobre Diversidade Biológica Ao mesmo tempo, a escolha é resultado de uma
negociação no campo da política internacional, quando o então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva propôs durante a 62ª Assembleia Geral da
ONU, em 2007,
que o encontro ocorresse novamente no Brasil.
O que é o Rascunho Zero?
Durante o encontro,
deverá ser aprovado e consolidado um documento, cujo rascunho zero (draft zero)
está sendo elaborado (hoje já é chamado
de rascunho um), desde janeiro deste ano, com a participação dos governos e
organizações da sociedade civil, por meio dos chamados “major groups”, cujo
nome é “”O Futuro que Queremos”. Ele
contém propostas e sugestões sobre o reconhecimento de problemas e
propostas (gerais) de soluções em áreas como: acesso à água, agricultura,
empregos verdes e trabalho decente, energia e cidades sustentável, oceanos,
segurança alimentar, e redução de risco de desastres. A ideia é que essas
“metas” comecem a ser cumpridas a partir de 2015. Depois do prazo de
encerramento do cumprimento das metas
dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODMs), em que 191 estados-membros
da ONU se comprometeram a reduções e enfrentamento de problemas em oito eixos
principais, desde o campo da erradicação da extrema pobreza e fome até tratar
globalmente o problema da dívida dos países em desenvolvimento, mediante
medidas nacionais e internacionais de modo a tornar a sua dívida sustentável a
longo prazo.
Qual sua visão sobre o
formato de debates e temas que estão sendo moldados?
Em linhas gerais, ainda é
difícil saber realmente como se dará, de fato, a realização desses debates,
porque os bastidores ainda são burocráticos. Mas certamente seguirão protocolos
já utilizados historicamente na ONU O que é possível observar na constituição
do “rascunho um”, que já estará pronto na ocasião do evento, e nas polêmicas
entorno do mesmo, é que não se avança no “como” (planos consistentes de ação)
realizar as mudanças de curto a longo prazo, tendo em vista, que os problemas
para efetivar a sustentabilidade (no tripé social, ambiental e econômico,
incluindo cultural) são mais do que sabidos por todas as lideranças das nações
envolvidas no processo.
Como está vendo o
envolvimento da sociedade civil no processo?
No contexto
brasileiro, ainda há muito a se
expandir, tendo em vista, uma população superior a 191 milhões de pessoas, a
dimensão continental do país com as diferentes realidades regionais e a
dificuldade de acesso às informações sobre a Rio+20 (em diferentes linguagens,
plataformas etc). Pode-se dizer que quem
tem maior conhecimento a respeito se encontra em camadas intelectualizadas, nas
instituições militantes socioambientais, na academia, e nos órgãos públicos e
em instâncias superiores da iniciativa privada. No tocante a ações concretas, a
Cúpula dos Povos, que acontecerá no Aterro do Flamengo, entre 15 e 23 de junho,
é a manifestação mais expressiva popular que ocorrerá, desde as comunidades
tradicionais e indígenas. Tendo em vista, os pressupostos do encontro, que
serão uma reação contra a injustiça socioambiental e os poucos avanços por
parte dos governos e as grandes organizações (na oficial) quanto a ações mais
expressivas em favor da melhoria da qualidade de vida no planeta. É difícil dizer se haverá possibilidade de
avanços de diálogos, tendo em vista, que o Comitê Facilitador da Sociedade
Civil, responsável pela Cúpula, já posicionou que não participará dos “Diálogos
para o Desenvolvimento Sustentável” na agenda oficial da Rio+20, que em tese, será
o momento de integração dos governos com a sociedade. O principal argumento é de que a iniciativa é
algo imposto de cima para baixo.
Poderia citar alguns
exemplos a respeito da influência que as discussões da Conferência terão em
nosso cotidiano?
Não sei dizer o que
“terão”. Só vivendo cada dia da experiência em junho. Posso mencionar quais as
contribuições que o processo já me traz. Entre eles, a busca de maior
aprendizado sobre biodiversidade, adaptação e mitigação (redução de danos)
climáticas, economia verde, como também a importância das economias solidária e
criativa nesse contexto, a realidade
socioambiental do Brasil em seus diferentes biomas, e de outros países mais
vulneráveis, entre outros. E os tópicos que mais interessam atualmente estão
o acesso à água e a segurança
nutricional.
O que acha que de fato
poderemos esperar de resultados da Rio +20?
Considero prematuro
especular sobre essa questão. O que posso dizer é o que ouço de especialistas e
ativistas mais envolvidos nos bastidores da articulação da Rio+20. Há ainda
muitas dúvidas sobre os resultados das negociações, tendo em vista, que não têm
caráter deliberativo; ao mesmo tempo, que os principais fóruns de negociações
sobre assuntos estratégicos, como clima e biodiversidade, continuam na esfera
das conferências das partes que ocorrem regularmente, desde a ECO 92. Outra
questão é definir o conceito e o que é na
prática, economia verde, como também qual será o organismo de governança
mundial da sustentabilidade. Por exemplo, um Pnuma revitalizado ou outra
instituição a ser criada, com força, como uma Organização Mundial do Comércio
(OMC). Há muitos interesses de fundo político e econômico principalmente (tendo em vista que há países ricos, em
desenvolvimento e subdesenvolvidos e uma crise na estrutura do sistema de
desenvolvimento mundial, que perdura, desde 2008).
Como você está se
programando para participar do evento?
Irei cobrir
profissionalmente o evento como jornalista para veículos de imprensa, nos
quais, sou jornalista colaboradora, além de gerar conteúdo para o meu Blog
jornalístico Cidadãos do Mundo (http://www.cidadaodomundo.blog-se.com.br),
que também está inserido em um contexto de comunicação compartilhada em outras
mídias, como a Ciranda.net e o Jornalismoambiental.com, dos quais sou
membro-ativista. Posso dizer que ao
mesmo tempo, exercerei o meu olhar como cidadã e educomunicadora
socioambiental. Afinal estarei
vivenciando esse período histórico de forma participativa. Na primeira quinzena de junho, também terei
oportunidade de falar sobre acesso à informação no contexto da Rio+20, no
Encontro Latino-Americano de Mulheres, em Brasília, além de ministrar também
palestra no SENAC Jabaquara.
Sucena Shkrada Resk é atualmente jornalista colaboradora do site Mercado Ético; da Revista Fórum, da Editora Publisher e do site Planeta Sustentável, da Ed. Abril.
Paulistana, residente em São Caetano do Sul. Formada em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela PUC de São Paulo, há 20 anos, tem especialização lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e também em Política Internacional, pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). É sócia-diretora da Sucena Resk Serviços Jornalísticos, desde 2007 e editora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk http://www.cidadaodomundo.blog-se.com.br/
Paulistana, residente em São Caetano do Sul. Formada em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela PUC de São Paulo, há 20 anos, tem especialização lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e também em Política Internacional, pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). É sócia-diretora da Sucena Resk Serviços Jornalísticos, desde 2007 e editora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk http://www.cidadaodomundo.blog-se.com.br/